03 janeiro 2016

Resenha - Eu Te Darei o Sol


Livro: Eu Te Darei o Sol
Autor (a): Jandy Nelson
 Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Páginas: 384

SinopseNoah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia. Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém. Contado em perspectivas e tempos diferentes, EU TE DAREI O SOL é o livro mais desconcertante de Jandy Nelson. As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar.

Eu te darei o Sol foi um dos livros que mais tive dificuldade de resenhar. Não conseguia colocar em palavras meus sentimentos após essa leitura densa e ao mesmo tempo tão linda e sensível.

Noah e Jude são irmãos gêmeos inseparáveis. Eles se amam e se importam com outro, mas assim como a maioria dos irmãos, possuem personalidades diferentes, embora tenham alma de artista em comum – Noah desenha e Jude faz esculturas. Noah é introspectivo, reservado e sofre bullying devido ao seu comportamento esquisito e delicado demais para um menino, mas é o filho queridinho da mamãe. Ele acredita que o pai não gosta dele, e é mais afeiçoado à Jude, a filha extrovertida, linda, popular, e que ainda por cima pratica surf.  As diferenças entre eles se intensificam aos treze anos de idade, quando passam a disputar a atenção e a aprovação dos pais, além do desejo de ingressarem à uma das melhores escolas secundárias de belas-artes do país.


"As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar."

O ciúme, uma grande perda e atenção do mesmo garoto afastam ainda mais os irmãos, que aos dezesseis anos de idade quase não se falam. São praticamente dois estranhos, que fazem um com o outro coisas cruéis. E o mais bizarro é que os papéis parecem ter se invertido, pois Noah passa a ser o descolado, que tem amigos, vai a festas, sai com meninas e assiste programas esportivos, enquanto Jude transformou-se na garota reservada sem vida social, hipocondríaca e que conversa com a avó morta. No entanto, não passam de dois adolescentes que perderam a essência após uma tragédia, e agora tentam ser o que não são.

A narração do livro é alternada entre os pontos de vista do Noah e da Jude, mas em épocas diferentes – Noah aos 13 anos e Jude aos 16. A princípio parece que estamos diante de mais uma história entre irmãos que gostam de disputar tudo, inclusive os próprios pais. É quando nos enganamos. Eu Te Darei o Sol é um dos livros mais surpreendentes que li, mesmo com a pouca idade dos irmãos protagonistas. Uma história que envolve relações familiares, perdas, traição, segredos, mentiras, homossexualismo, bullying. Na verdade, demorei um pouco a me sentir envolvida pelo enredo, pelas personagens. Isso se deve pelo uso excessivo de metáforas por parte  da Jandy Nelson, algo que eu já havia visto em outro livro da autora (O Céu Está em Todo Lugar). Então, talvez algumas pessoas o considerem maçante no início, mas por favor, não desistam. Pois aqui, amigos, eis um livro maravilhoso, poético, que merece ser lido.

Com um enredo complexo, que te faz mudar de opinião constantemente, onde ora você ama um, ora ama o outro, para logo em seguida odiar, que faz parecer que o pai é o vilão em um momento, e outrora a mãe, por fim, posso afirmar que Eu Te darei o Sol foi uma leitura arrebatadora, emocional e redentora. Ver o amadurecimento de dois irmãos que na verdade se amam incondicionalmente, porém a vida os levou a se perderem no caminho. Com personagens distantes da perfeição, que sofrem problemas reais e possuem personalidades e sentimentos mais humanos possíveis.

"Arrisque-se (uma, duas, três, quatro vezes). Reconstrua o mundo."


Agradeço a autora por tamanha engenhosidade e por nos presentear com mais uma história escrita com a alma.

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