21 setembro 2015

Resenha - A Garota No Trem


Livro: A Garota no Trem

Autor (a): Paula Hawkins

Editora: Record

Ano: 2015

Páginas: 378

Sinopse: Um thriller psicológico que vai mudar para sempre a maneira como você observa a vida das pessoas ao seu redor. Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d’água, pontes e aconchegantes casas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, A garota no trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

Fissurada em thrillers, estava tentando conseguir um tempinho para ler “A Garota no Trem. Finalmente consegui. Considerado um fenômeno pela crítica e há mais de vinte semanas no topo da lista dos livros mais vendidos no Reino Unido, o livro de Paula Hawkins tem sido comparado à “Garota Exemplar”, por seguir a linha de suspense + mulher desaparecida. Além disso, “A Garota no Trem” também será adaptado para o cinema. Mas as semelhanças param por aí.

O livro é narrado por três protagonistas femininas: Rachel, Megan e Anna. Três mulheres indiretamente interligadas. Anna é a atual esposa do ex-marido de Rachel e Megan é a mulher desaparecida.
Rachel é uma mulher solitária, infeliz, insociável. Alcoólatra. Mas nem sempre foi assim. Um fracasso interferira diretamente nas suas relações interpessoais e no seu casamento.
Todas as manhãs ela pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. Gostava de ficar olhando para as casas à margem da linha do trem. Na metade do trajeto, o trem sempre parava no sinal vermelho, dando-a uma excelente visão da casa de número 15, sua preferida. Rachel conhecia o interior daquela casa até de olhos fechados, pois ficava a poucos metros de uma residência idêntica, do qual ela morou. Agora, o ex-marido vivia lá. Com a filha e a atual esposa.
Rachel tinha uma espécie de obsessão com o casal que vivia naquela casa de número 15. Jess e Jason foram os nomes que criou para eles, uma vez que não sabia seus nomes. Ela gostava de observá-los da janela, de fantasiar um lar perfeito. Ao seu ver, eram muito apaixonados pelo outro. Rachel passava horas imaginando como eram suas vidas, quais eram suas ocupações, o que faziam juntos. Meio deprimente, é verdade, mas espiar a vida alheia era uma fuga da realidade que ela tanto precisava.
A fantasia se desfaz numa manhã de sexta-feira. Rachel seguia em mais uma viagem de trem quando é surpreendida por uma cena estarrecedora vindo da varanda da casa que diariamente observava. E o que ela viu não saía de sua cabeça.
As coisas ficam ainda mais estranhas quando Rachel descobre três dias depois que a moça, que na verdade se chamava Megan, havia desaparecido. Ela fica mais intrigada ainda quando é procurada pela polícia, pois ela tinha sido vista na redondeza na noite em que Megan desaparecera pela moradora da familiar casa 23, a Anna. Rachel resolve então contar à polícia o que testemunhou naquela manhã de sexta-feira.  
O problema era que a noite em que Megan desaparecera era um apagão para Rachel. Algo que acontecia com frequência quando bebia demais. Ela só se lembra de estar muito embriagada e ter decidido passar de trem pela frente da casa do casal, mas num rompante resolvera saltar na estação, que tropeçara na escada e que fora ajudada por um homem ruivo. Ela acordou na manhã seguinte com um corte na cabeça, no lábio, machucados nos braços e sem lembranças de nada.

E o mistério não para por aí, o que acaba deixando-a numa posição vulnerável, uma vez que ela passa não só a fazer parte dos acontecimentos da vida que stalkeava pela janela de um trem, como também conviver entre todos os envolvidos. O problema é que ninguém conseguia acreditar numa mulher instável, bêbada, que tenta descobrir a todo custo o que aconteceu à moça.

Você sente uma pequena bolha de tensão tomando forma já nas primeiras páginas. Sem dúvida uma história bem construída, cujas protagonistas não te deixam decidir de início quem inspira confiança. E não me refiro apenas às protagonistas, mas também aos personagens masculinos. Então começa a desenvolver aquele senso investigativo, de tentar desvendar o que vai surgindo à medida que os dias se passam.

Há muita realidade no enredo, e isso ficou bastante forte nas características físicas e psicológicas destinadas às personagens, especialmente à Rachel. Ela desgraçou a própria vida com o seu vício por álcool e tem consciência disso, assim como tem consciência das besteiras que passa a cometer ao longo do mistério envolvendo o desaparecimento de Megan. E a crueldade das pessoas com relação à mulher que ela havia se transformado também é límpida e real. 

É um livro instigante, mas não o considerei tão eletrizante e compulsivo quanto Garota Exemplar. Mas como primeira obra da autora, acho que ela se saiu muito bem. O suspense perdura do início ao fim. Sua mente está em constante trabalho, buscando saída, respostas. Há momentos em que nos confundimos, fazemos julgamentos equivocados, quando então somos apresentados a novas informações e reviravoltas. Embora o final não tenha me surpreendido tanto, pois já havia suspeitado da possibilidade, o livro nos traz um mistério interessante e envolvente.

Recomendo.

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