Livro:
A Sereia
Autor
(a): Kiera
Cass
Editora: Seguinte
Ano: 2016
Páginas: 328
Sinopse: Anos
atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua
dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz
para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir
sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o
garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar —
pois a voz da sereia é fatal —, logo surge uma conexão intensa entre os dois. É
contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será
obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos
de obediência, ela está determinada a seguir seu coração.
Como já havíamos
divulgado por aqui antes, A Sereia foi o primeiro livro da Kiera Cass, que
decidiu melhorá-lo e o relançou esse ano. A autora traz a mitologia das sereias
como temática, mas diferentemente de como conhecemos a lenda – metade mulher e
metade peixe –, aqui as sereias sequer possuem caudas. A beleza ofuscante e encantadora
permanece, assim como o canto doce e fatal. As sereias que nos são apresentadas
são jovens comuns, com pernas e tudo mais, que viviam e se misturavam entre os
humanos. Mas era necessário se passarem como mudas, viver em constante
silêncio, para protegê-los de suas vozes letais. O que só demonstrava que
apesar da condição sobre-humana não eram criaturas perigosas, mas ambíguas,
pois tinham um bom coração e não eram malignas por opção.
O livro acompanha a
história de Kahlen, que havia sido transformada sereia há oitenta anos. E mesmo
depois de tantos anos sendo devota à Água, ela não conseguiu se acostumar com a
missão: quando convocada, tinha que se juntar às outras sereias para atrair com
seu canto pessoas ao mar até que estas morressem afogadas. O sofrimento e a
culpa por carregar tantas mortes era mais sentida por Kahlen que pelas outras,
consideradas suas irmãs. Ela não via a hora de sua sentença terminar e ter a
vida de humana novamente. O fardo que carregava tornou-se ainda mais pesado
quando Kahlen conhece Akinli, a única pessoa que a fez se sentir normal em
quase cem anos. Ele não a ficava encarando ou parecia fascinado por sua beleza
e ar misterioso, como a maioria das pessoas, tampouco se importava com o fato
de ela não falar. Ele parecia enxergar o que ela realmente era: uma garota de
19 anos, cheia de sonhos e anseios e que também podia amar.
Mas Kahlen tem
consciência do quanto é perigoso se envolver, ainda mais se a Água descobrir
sobre seus sentimentos, e decide afastar-se de Akinli para o bem dele,
mudando-se com as irmãs para outro estado americano. E agora ela tinha um novo
vazio para sentir.
Porém, como já dizia o
ditado, não há como fugir do destino. Kahlen reencontra Akinli inesperadamente
no pior momento de sua vida como sereia. E quando ela decide pela primeira vez
infringir uma regra e seguir o coração, comete o mais grave dos deslizes.
A Kiera foi majestosa no
desenvolvimento da Kahlen. Uma personagem encantadora e delicada, cheia de
sonhos e desejos, com uma força admirável e um coração enorme, capaz de colocar
a felicidade de quem ama em primeiro lugar. É triste acompanhar o quanto sua sentença
centenária a consome e deprime, tornando cada vez mais insuportável viver
aquela vida.
O livro é interessante
e apesar do mito ser muito antigo, a Kiera foi bem original em mudar a maioria
das características que conhecemos sobre as sereias, além de criar a ideia da
Água como uma espécie de mãe, que apesar da missão a que submete às sereias, é capaz
de sentir amor e ternura. A relação
entre Kahlen e as irmãs sereias é linda e a história de vida de cada uma delas
é tocante e sofrida, o que fortalece ainda mais o vínculo que compartilham.
Recomendo A Sereia, que me conquistou pela
sutileza e sensibilidade em resgatar os mais humanos dos sentimentos. O romance
é doce e cativante, típico conto de fadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário