12 março 2016

Resenha - A Sereia


Livro: A Sereia

Autor (a): Kiera Cass

 Editora: Seguinte

Ano: 2016

Páginas: 328

Sinopse: Anos atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar — pois a voz da sereia é fatal —, logo surge uma conexão intensa entre os dois. É contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos de obediência, ela está determinada a seguir seu coração.

Como já havíamos divulgado por aqui antes, A Sereia foi o primeiro livro da Kiera Cass, que decidiu melhorá-lo e o relançou esse ano. A autora traz a mitologia das sereias como temática, mas diferentemente de como conhecemos a lenda – metade mulher e metade peixe –, aqui as sereias sequer possuem caudas. A beleza ofuscante e encantadora permanece, assim como o canto doce e fatal. As sereias que nos são apresentadas são jovens comuns, com pernas e tudo mais, que viviam e se misturavam entre os humanos. Mas era necessário se passarem como mudas, viver em constante silêncio, para protegê-los de suas vozes letais. O que só demonstrava que apesar da condição sobre-humana não eram criaturas perigosas, mas ambíguas, pois tinham um bom coração e não eram malignas por opção.

O livro acompanha a história de Kahlen, que havia sido transformada sereia há oitenta anos. E mesmo depois de tantos anos sendo devota à Água, ela não conseguiu se acostumar com a missão: quando convocada, tinha que se juntar às outras sereias para atrair com seu canto pessoas ao mar até que estas morressem afogadas. O sofrimento e a culpa por carregar tantas mortes era mais sentida por Kahlen que pelas outras, consideradas suas irmãs. Ela não via a hora de sua sentença terminar e ter a vida de humana novamente. O fardo que carregava tornou-se ainda mais pesado quando Kahlen conhece Akinli, a única pessoa que a fez se sentir normal em quase cem anos. Ele não a ficava encarando ou parecia fascinado por sua beleza e ar misterioso, como a maioria das pessoas, tampouco se importava com o fato de ela não falar. Ele parecia enxergar o que ela realmente era: uma garota de 19 anos, cheia de sonhos e anseios e que também podia amar.

Mas Kahlen tem consciência do quanto é perigoso se envolver, ainda mais se a Água descobrir sobre seus sentimentos, e decide afastar-se de Akinli para o bem dele, mudando-se com as irmãs para outro estado americano. E agora ela tinha um novo vazio para sentir.

Porém, como já dizia o ditado, não há como fugir do destino. Kahlen reencontra Akinli inesperadamente no pior momento de sua vida como sereia. E quando ela decide pela primeira vez infringir uma regra e seguir o coração, comete o mais grave dos deslizes.

A Kiera foi majestosa no desenvolvimento da Kahlen. Uma personagem encantadora e delicada, cheia de sonhos e desejos, com uma força admirável e um coração enorme, capaz de colocar a felicidade de quem ama em primeiro lugar. É triste acompanhar o quanto sua sentença centenária a consome e deprime, tornando cada vez mais insuportável viver aquela vida.

O livro é interessante e apesar do mito ser muito antigo, a Kiera foi bem original em mudar a maioria das características que conhecemos sobre as sereias, além de criar a ideia da Água como uma espécie de mãe, que apesar da missão a que submete às sereias, é capaz de sentir amor e ternura.  A relação entre Kahlen e as irmãs sereias é linda e a história de vida de cada uma delas é tocante e sofrida, o que fortalece ainda mais o vínculo que compartilham.

 Recomendo A Sereia, que me conquistou pela sutileza e sensibilidade em resgatar os mais humanos dos sentimentos. O romance é doce e cativante, típico conto de fadas. 

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